Importação brasileira de trigo atingiu maior volume desde 2007
O câmbio favorável, com queda do dólar frente ao real, e a prorrogação da redução das retenções na Argentina estimularam as importações brasileiras de trigo nos cinco primeiros meses do ano. As operações tornaram-se a principal fonte de abastecimento dos moinhos no período. A avaliação foi apresentada pela Consultoria do Agro do Itaú BBA. De acordo com os especialistas do banco, de janeiro a maio de 2025, o Brasil importou 3 milhões de toneladas de trigo — maior volume para o período desde 2007 — sendo 72% originadas do país vizinho.
O crescimento das importações do grão já havia sido constatado pela consultoria em abril, em estudo relativo ao primeiro trimestre do ano. Na época, o volume somava 1,9 milhão de toneladas, superando números registrados em 2008. Em janeiro, o presidente Câmara Setorial da Cadeia Produtiva das Culturas de Inverno do Ministério da Agricultura e Pecuária e diretor da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, alertou para a possibilidade de aumento das aquisições externas do cereal.
Conforme o Itaú BBA, as negociações no mercado interno de trigo seguiram limitadas ao longo de maio e início de junho. Com os moinhos abastecidos e a oferta doméstica reduzida, os preços registraram queda no período. No Rio Grande do Sul, a redução foi de 4%, com o cereal negociado a R$ 70,04 por saca. No Paraná, a média recuou 2%, para R$ 78,62 por saca no dia 10 de junho.
Com estoques remanescentes baixos no mercado interno, as atenções se voltam agora para o plantio da nova safra. No Estado, a umidade excessiva, em junho, atrasou a semeadura. Dados do Informativo Conjuntural da Emater-RS/Ascar, divulgado na quinta-feira, 26, indicam que as chuvas da última semana, que atingiram até 300 milímetros em alguns locais, fizeram com que a lavoura avançasse apenas 2%, chegando a 39% da área prevista. No ano passado, na mesma época, o plantio atingia 55% da área projetada.