Ex-presidiário Lula critica Bolsonaro e filhos por articulação com Trump que resultou em tarifa de 50%
É um sinal evidente que agora ele começou a se preocupar efetivamente com as imposições de Donald Trump
O ex-presidiário petista Lula (PT) acusou nesta quinta-feira (17) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos de serem “traidores do século XX e do século XXI”, em meio à crise diplomática com os Estados Unidos. A declaração foi feita durante evento da entidade comunista União Nacional dos Estudantes (UNE), em Goiânia (GO), no qual Lula voltou a criticar o presidente norte-americano Donald Trump e responsabilizou a família Bolsonaro pelos impactos da tarifa de 50% imposta sobre produtos brasileiros.
“Eles que não venham mais falar da bandeira verde e amarela. Eles que tenham vergonha, se escondam na sua covardia e deixem este país viver em paz”, afirmou Lula, acusando a família do ex-presidente de não demonstrar qualquer preocupação com os prejuízos econômicos que a medida pode causar à indústria, à agricultura, aos serviços e aos salários no Brasil.
Na semana passada, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, com início em 1º de agosto. Segundo o republicano, a medida é uma resposta direta ao que considera como ataques do governo brasileiro à liberdade de expressão de empresas norte-americanas, além de perseguição contra Bolsonaro, que o norte-americano chamou de vítima de “caça às bruxas”.
Lula, por sua vez, criticou o tom da carta enviada por Trump, dizendo que se trata de uma intimidação direta ao Brasil. “A carta é ‘ou dá ou desce’. Não fala em negociação”, disse o presidente: “O Brasil gosta de diálogo, não aceita ordem de gringo. Quem manda aqui é o povo brasileiro”.
Após o anúncio da tarifa, Lula determinou a criação de um comitê interministerial, coordenado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB). O grupo tem mantido conversas com representantes do agronegócio, empresários e setores produtivos afetados pela medida, além de buscar articulação com empresas americanas.
Apesar do esforço diplomático, o governo não descarta acionar a OMC (Organização Mundial do Comércio) e aplicar a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional e regulamentada nesta semana pelo Executivo. “Estamos com muita tranquilidade. Nada se conquista na marra, tudo se resolve com conhecimento, boa conversa e civilidade. Mas vamos defender o Brasil com firmeza”, afirmou Lula.